quarta-feira, 15 de junho de 2011

O que eu acho sobre o Lewis Hamilton


Antes de mais nada, tenho que fazer várias ressalvas.


Sou torcedor da McLaren, e, entre os dois pilotos que temos em Woking, prefiro o Hamilton – poderia detalhar, mas vou resumir: acho ele mais piloto que o Button.

Dito isto, devo dizer que não assisti a íntegra do GP de Mônaco. Vi alguns dos incidentes e tenho uma opinião controversamente a favor do Hamilton em alguns (o que quase invalida a minha opinião à respeito do cara, mas me dêem crédito, por favor).

“Hamilton popstar”

Parei para pensar na teoria ‘Hamilton popstar‘. Eu mesmo julguei o cara pelo seu novo empresário, pelo camarote com Rihana e companhia limitada e pelo seu namoro com a Nicole Prescovia Elikolani Valiente Scherzinger (uau!). Isso desconcentra um piloto? Isso atrapalha a preparação dele para as corridas? Olha, eu não tenho certeza, mas sei que os contratos desses caras estão entre os mais rígidos do mundo dos esportes. A McLaren exige uma programação a ser cumprida estritamente (horas em simulador, treino físico, etc). Não há espaço para curtição fora da temporada de férias, isso é fato.

Mimado?

Vi o Galvão Bueno falando que o Hamilton foi ‘mimado’ pelo Ron Dennis. Acho que as pessoas avaliam as outras por si. Quem estudar a história do Hamilton até chegar 2007 vai ver a vida que ele levou. Não houve espaço para mimos, houve sim muita cobrança. Ron Dennis nunca deu vida fácil a seus pilotos e não abriu essa brecha para o Lewis.


E após o WDC, ele foi mimado? Após o título de 2008, Lewis afirmou que gostaria de ganhar um McLaren F-1 de presente, Dennis deu a ele uma miniatura e disse que para ele ganhar um de produção teria que ganhar mais 2 títulos. Isso é um belo exemplo de como mimar um piloto.

O que mudou agora? Ele voltou a ser negro?

Alguns adeptos da teoria racista preferem simplificar (seguindo a onda daquela infeliz declaração após Mônaco) mas esquecem que ele já foi campeão mundial. Não quero aqui negar que o racismo existe, mas não vejo esse componente como crucial para nenhuma decisão (que para mim são mais preconceituosas com a agressividade do Hamilton do que com sua cor – ou então o preconceito é pela cor do capacete já que Senna não era negro).

Ou ele já não está mais sentindo o doce sabor da conquista?

Amigos, entrem na cabeça de um piloto de F-1. Se você é um cara competitivo, multiplique por mil e eleve à quinta potência, aí você poderá talvez ter um padrão do que é um piloto de F-1 em termos de competitividade. Todos querem ser o número 1. Alguns disfarçam bem, lorde Button? Tá bom que eu acredito. Ele quer ganhar como todos os outros. E isso propicia um ambiente favorável a erros e desequilíbrio entre o que você quer e o que o carro permite.

O Hamilton é mais piloto que todos do Grid ou ele acha que é?

Aí está o cerne de toda a discussão sobre o seu atual ‘momento psicológico’. Na história da F1, quando grandes pilotos tinham carros inferiores ao seu talento o que aconteceu? Show ou erros, consagração ou desgraça. O piloto ou se foca muito ou desfoca completamente.

Eliminem dessa minha comparação os inícios de carreira. É óbvio, por exemplo, que quando Alonso corria de Minardi ele não era, ainda, o melhor piloto do Grid – mas estava acima daquele carro. Mas lembremos de Prost tentando correr de Ferrari, do Senna tentando correr de Williams, do Schumacher tentando correr de Mercedes (com a ressalva de que este estava 3 anos parado). Erros, críticas e desgraça. Agora vejam, lembrem do Senna correndo em 93 com um McLarenzinho meia boca. Show, espetáculo e consagração como o melhor de todos os tempos. A diferença entre o Senna de 93 e o de 94 era qual? As expectativas externas e, principalmente, internas.

O nível de cobrança que cada piloto se faz influencia muito no que cada um apresenta na pista. Em 93, Senna não era favorito e não precisava provar nada para ninguém. Em 94, ele era unanimidade – e para uma unanimidade, ficar zerado, errar, bater e tomar uma lavada de um ‘desconhecido’ gera pressão e mais erros.

Vejam bem, o próprio Hamilton após sua redenção em 2008, recebeu da McLaren um carro pífio em 2009 e o que ocorreu? Depois de um início claudicante, o carro melhorou e ele evoluiu seu nível de pilotagem. Qual a avaliação dele ao final da temporada? Um dos melhores do grid, senão o melhor, já que Alonso teve um ano péssimo.

O que eu acho do Hamilton

Ele é apenas uma vítima ativa das circunstâncias. Errou, correu mais que o carro, ficou atrás de pilotos mais lentos em uma pista onde ninguém passa (passava?) ninguém, não teve a calma necessária, a frieza exigida pela situação – inexperiência? Não! Perfil.

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